Capital carioca recebe vigésima edição do Dança em Trânsito
Esta edição levará espetáculos para 12 capitais e 17 outras cidades
Começou hoje (3), no Rio de Janeiro, a etapa carioca da vigésima edição do Dança em Trânsito, um dos mais longevos festivais de dança contemporânea do Brasil. A edição comemorativa dos 20 anos do festival foi iniciada no dia 14 de julho e se estenderá até 23 de outubro, percorrendo todas as regiões do país e incluindo uma parada em Paris, em setembro. Nesta edição, 41 companhias e artistas do Brasil, da Coreia do Sul, Eslovênia, Espanha, França, Itália e Suíça ocupam palcos e espaços públicos de 12 capitais e 17 outras cidades com espetáculos, residências, intercâmbios e oficinas.
No Rio de Janeiro, a programação é realizada a partir desta quarta-feira no Teatro Prudential, na Glória, zona sul da capital fluminense, onde continua até o domingo (7), com três sessões diárias, a partir das 11h. Os ingressos são no valor de R$ 30. No dia 7, haverá espetáculos gratuitos na Praça Mauá, em frente ao Museu do Amanhã, na região portuária, no horário de 10h30 às 16h30.
O 20º Dança em Trânsito tem patrocínio do Instituto Cultural Vale e direção artística e curadoria de Giselle Tápias e Flávia Tápias. Entre as companhias que se apresentam no Rio de Janeiro estão as cariocas Focus Cia de Dança, de Alex Neoral, com Grand Pas, recorte do novo trabalho Vinte, inspirado no universo literário de Clarice Lispector, com apresentação hoje, às 13h; Márcia Milhazes Cia de Dança, amanhã, às 17h30, com Paz e amor, traçando um paralelo entre o invisível vírus, do qual a sociedade se escondeu em um confinamento doloroso, e o amor, outro elemento invisível, embora imprescindível ao ser humano; e Renato Vieira Cia de Dança, que mostra o espetáculo Malditos, inspirado no Movimento dos Poetas Malditos e na experiência pessoal de Renato durante o regime militar, em 1964, hoje, às 17h30.
A francesa Cie Felinae, do coreógrafo e bailarino Maxime Cozic, apresenta o solo Emprise, nesta quarta-feira (3), às 17h. Também da França vem a Cie Arrangement Provisoire, com a obra Blanc, da coreógrafa e bailarina brasileira Vania Vaneau, radicada há mais de 20 anos na Europa. O trabalho, exibido amanhã, às 13h, foi criado a partir de influências que vão dos rituais xamânicos afro-brasileiros à obra de Hélio Oiticica e ao movimento antropofágico modernista. Já a companhia goianiense Ateliê do Gesto, dirigida por Daniel Calvet e João Paulo Gross, apresenta a nova coreografia CRU hoje e ainda Dança inacabada, no dia 5 .
Estreia
Entre os dias 3 e 6, o Grupo Tápias, companhia franco-brasileira associada ao Espaço Tápias e suas realizações, estreia a versão integral de Café não é só uma xícara, na programação do festival. Com coreografia e direção artística de Flávia Tápias, o trabalho coloca em cena sentimentos e sensações associados à pesquisa realizada sobre o café, bebida tão presente na vida dos brasileiros, que evoca tradições, crenças, espiritualidade. O espetáculo fará 20 apresentações no Brasil e na França. O Grupo Tápias abriu audições para selecionar parte do elenco, que é formado por brasileiros e estrangeiros. Flávia Tápias revelou que o espetáculo começou a ser pensado há mais de três anos. “Chegamos a apresentar um work in progress em 2019, mas, por conta da pandemia, adiamos a estreia para este ano”. A companhia apresenta ainda no festival as obras Solo e Casa de abelha.
No dia 5, às 14h, o espetáculo Ou 9 ou 80, eleito melhor espetáculo de dança presencial da Associação Paulista de Críticos Teatrais de 2021, da paulistana Clarín Cia de Dança, dirigida pelo maranhense Kelson Barros, traz para o público a cultura funk e a realidade de desigualdade, racismo e homofobia retratada pelos movimentos periféricos.
No dia 6, a programação será aberta pela Cie Sam-Hester, da Suíça, com uma sessão matinal, às 11h, de Jour Blanc, adaptação de Cloud, a mais recente criação de Perrine Valli, coreógrafa da companhia. Para questionar a ligação com a tecnologia, adolescentes, munidos de fones de ouvido, executam a coreografia por controle remoto, abrindo mão da própria memória e da gestão do espaço, desafiando paulatinamente a ordem e afirmando sua subjetividade.
Também no dia 6, às 17h, o coreógrafo e bailarino brasileiro Gleidson Vigne, radicado na Alemanha, apresenta o solo Adapta-bilidade com a sua NIMO Cia de Dança, em que traça um paralelo entre a capacidade de adaptação na dança e na vida.
Sediada na Espanha, a companhia GN | MC, dos coreógrafos e bailarinos Guy Nader & Maria Campos, escolheram Set of sets para esta edição do festival, na apresentação que encerra a etapa carioca, no dia 7, às 20h, no Teatro Prudential. A coreografia usa a repetição e o ritmo no movimento dos corpos, que desafiam a gravidade, como metáfora para a natureza repetitiva da própria existência e a ideia de persistência.
No domingo, a partir das 10h30, seguindo até as 16h30, a programação gratuita ocupa espaços públicos no entorno do Museu do Amanhã, na Praça Mauá. Oito companhias se apresentam no local, como Grupo Monjuá (RJ), João Rafael Neto (BA), Anyel Aram (RJ) e Laso Cia de Dança (RJ), além de Rotas Plural. Esse último grupo é resultado da residência de intercâmbio reunindo bailarinos brasileiros e estrangeiros.
Vitrine
Também este ano, o festival lança a Vitrine Brasileira de Dança Contemporânea. Essa é uma oportunidade para que companhias de todo o país possam se apresentar diante de representantes, diretores ou curadores de festivais internacionais de dança contemporânea. Entre eles se destacam Anna Arthur, diretora administrativa da Aerowaves, no Reino Unido; Tiphane Dangauthier, presidente da associação Essonne Dance, em Paris; além de representantes da Itália, Coreia do Sul, Canadá e República Tcheca.
A iniciativa é realizada no Teatro Prudential, no Rio de Janeiro, e inclui a residência Ateliê de Escrita sobre a Dança, com encontros orientados pelas facilitadoras convidadas, que são a jornalista, crítica de dança e escritora francesa Rosita Boisseau; e a brasileira Ana Teixeira, artista, pesquisadora e doutora em comunicação e semiótica, no período de 3 a 6 deste mês, às 15h30 e, no domingo (7), às 18h30.
Paris
Entre os dias 12 e 18 de setembro, o Dança em Trânsito desembarca mais uma vez em Paris com apresentações e workshops de artistas e companhias brasileiras, incluindo Márcia Milhazes, Renato Vieira, Gleidson Vigne, Cia Gente e Cia do Pantanal, Jessé Batista. Os eventos ocorrerão no centro cultural Le Carreau du Temple; na Salle Jacques-Higelin (MPAA /Saint-Germain); Le Regard du Cygne; na Embaixada do Brasil; na Place de Fêtes, e em espaços públicos da cidade.
Até 23 de outubro, o festival passará pelas cidades de Belo Horizonte (BH), Coronel Fabriciano (MG), Timóteo (MG), Ipatinga (MG), Baixo Guandú (ES), Vitória (ES), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Goiânia (GO), Brasília (DF), São Luís (MA), Itapecuru-Mirim (MA), Santo Amaro do Maranhão (MA), Belém (PA), Ilha do Combú (PA), Parauapebas (PA), Canaã dos Carajás (PA), Paris (FRA), Salvador (BA), Sento Sé (BA), Curitiba (PR), Entre Rios do Sul (RS); Alto Bela Vista (SC); Florianópolis (SC), Corumbá (MS), Itaguaí(RJ), Mangaratiba (RJ), Tiradentes (MG) e Barbacena (MG).
A programação completa e inscrições para oficinas e residências de criação pode ser acessada no endereço www.dancaemtransito.com.br.
Edição: Aline Leal
Foto: Renato Mangolin