Quais os impactos do fenômeno La Niña que influenciam no verão paulista
O verão 2021/2022 tem início às 12h59 do dia 21 de dezembro de 2021 e se estende até às 12h33 do dia 20 de março de 2022.
A meteorologista Josélia Pegorim explica como será o verão 2022 no estado de São Paulo, com comentários especiais sobre a temperatura e sobre a chuva no litoral paulista. O verão 2022 será com o fenômeno La Niña. Isto significa que na porção central e leste do oceano Pacífico Equatorial, na altura da costa do Peru e do Equador, a água do mar está mais fria do que o normal.
Embora isso aconteça do outro lado da América do Sul, reflete também na circulação de ventos e na pressão do ar que observamos sobre o Brasil. O fenômeno Laninha atuou no verão passado de 2020 para 2021. Se desfez durante o outono inverno e retornou na primavera de 2021 e terá influência na chuva e na temperatura sobre o Brasil durante todo o verão de 2022.
Impactos do La Niña
- Facilita a passagem das frentes frias pelo Sul e pelo Sudeste do Brasil
- As massas de ar frio de origem polar podem chegar ao Brasil mais fortes do que o normal, para os padrões do verão. Isso faz com que o vento frio dessas massas de ar também chegue mais forte a São Paulo, causando quedas bruscas de temperatura.
- As massas frias também têm o poder de deixar a atmosfera mais seca. Com menos umidade no ar, fica mais difícil a formação das grandes nuvens que provocam a chuva.
- O fenômeno La Niña faz com que a circulação dos ventos sobre o país concentre mais ar úmido no centro-norte do Brasil. Esse é um dos motivos pelos quais vamos ter menos chuva do que o normal em São Paulo no verão 2022.
Chuva abaixo da média
A previsão é que o volume de chuva nos meses de janeiro fevereiro e março fique abaixo da média Climatológica em praticamente todo o estado de São Paulo, inclusive na grande São Paulo.
A maior parte da chuva do verão virá na forma de pancadas de chuva, que podem ser eventualmente fortes em vários locais da Grande São Paulo e também do interior ou do litoral. Mas essas pancadas de chuva não caem sempre no mesmo lugar de um dia para outro ou de uma semana para outra. Então temos uma grande variabilidade espacial da chuva.
Na situação de chuva com grande variabilidade espacial, fica mais difícil termos grandes acumulados de água em um mesmo ponto.
Zona de Convergência do Atlântico Sul
Um dos mais importantes sistemas meteorológicos que atuam no verão sobre o Brasil é a ZCAS – Zona de Convergência do Atlântico Sul. Esse sistema é responsável por dias consecutivos de muita chuva, que é a chuva boa para encher reservatórios, tanto para abastecimento de água para as populações como para refazer os reservatórios das hidrelétricas.
Só que por causa do fenômeno La Niña, as grandes áreas de nuvens de chuva associadas com as ZCAS costumam se formar na parte norte da Região Sudeste do Brasil, e não atuam com frequência sobre o estado de São Paulo. Está aí mais um motivo para que tenhamos menos chuva do que o normal no verão 2022.
Temporais
Pancadas de chuva, de forte intensidade, vários temporais e também condições para alagamentos e eventuais enchentes principalmente durante o mês de janeiro na região da Grande São Paulo. Mesmo assim, a previsão é de que chova menos do que a média normal nos meses de janeiro, de fevereiro e também de março.
E a temperatura?
O fenômeno La Niña faz com que mais frentes frias passem pela costa paulista ao longo do verão. Por isso a Grande São Paulo vai sentir mais vezes aquele vento frio que vem junto com as frentes frias. Essas frentes frias não vão deixar que o calorão persista por muitos dias consecutivos.