Japão vê disseminação inédita da covid-19 e recorde de casos em Tóquio
Capital registrou hoje (4) recorde de infectados com 4.166 novos casos
O Japão alertou nesta quarta-feira (4) que as infecções pelo novo coronavírus estão disparando em um ritmo inédito, e os casos novos atingiram uma alta recorde em Tóquio, ofuscando a Olimpíada e aumentando as dúvidas sobre como o governo lida com a pandemia.
A variante Delta está levando a uma proliferação de infecções “nunca vista no passado”, disse o ministro da Saúde, Norihisa Tamura, ao defender a nova diretriz de pedir aos pacientes com sintomas mais brandos que fiquem em casa, ao invés de irem ao hospital.
“A pandemia entra em uma nova fase… a menos que tenhamos leitos suficientes, não podemos levar as pessoas ao hospital. Estamos agindo preventivamente nesta frente”, disse Tamura ao Parlamento.
Mas ele sinalizou a possibilidade de reverter a diretriz, já que a decisão de pedir que alguns doentes fiquem em casa gera críticas de especialistas médicos por colocar vidas em risco.
“Se as coisas não saírem como esperamos, podemos revogar a diretriz”, disse Tamura, acrescentando que a mudança de diretriz foi realizada para se lidar com a disseminação inesperadamente rápida da nova variante.
O Japão testemunha um crescimento acentuado de casos de covid-19. Tóquio relatou um recorde de 4.166 casos novos nesta quarta-feira (4).
Na segunda-feira (2), o primeiro-ministro Yoshihide Suga disse que só pacientes de covid-19 gravemente doentes e correndo risco de agravamento serão hospitalizados, enquanto os outros se isolarão em casa – uma mudança de diretriz que alguns temem poder elevar o número de mortos.
Autoridades do governista Partido Liberal Democrata concordaram em buscar a revogação da diretriz, relatou a agência de notícias Jiji nesta quarta-feira (4), um eco de apelos semelhantes de parlamentares da oposição.
A revolta é mais um contratempo para Suga, que vê o apoio a si despencar por causa da forma como lida com a pandemia antes das eleições gerais deste ano.
Pesquisas mostram que muitos japoneses se opõem à realização da Olimpíada enquanto o país patina nos esforços para conter a pandemia e vacinar a população.
O premiê e os organizadores olímpicos dizem não haver relação entre os Jogos de Verão de 23 de julho a 8 de agosto e o aumento acentuado de casos.
Mas Shigeru Omi, um dos principais conselheiros médicos do país, disse ao Parlamento que sediar os Jogos pode ter afetado o sentimento público e prejudicado o impacto dos pedidos do governo para que as pessoas fiquem em casa.
Impor um estado de emergência de âmbito nacional poderia ser uma opção para se lidar com a pandemia, disse ele. Tal medida já vigora em vários municípios, além de Tóquio.