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Autoridades discutem os desafios da Gestão Pública durante o 7° CONEXIDADES em São Sebastião

Encerrando o segundo dia de debates, o 7º CONEXIDADES apresentou o tema “Desafios da Gestão Pública”, com as participações de Rodrigo Garcia, advogado e ex-governador do Estado de São Paulo; Lucas Pocay, prefeito de Ourinhos; Marco Vinholi, diretor técnico do Sebrae SP; Dilador Borges, prefeito Araçatuba; Felipe Augusto, prefeito de São Sebastião; Marcelo Otaviano, prefeito de Monte Azul Paulista; Fernando Galvão, ex-prefeito de Bebedouro; Erika Affonso, vereadora de Bananal; Sebastião Misiara, presidente do Conselho Gestor da UVESP e Silvia Melo, CEO do CONEXIDADES. 

Marco Vinholi inicia a mediação do debate e passa a palavra para Rodrigo Garcia. “O mundo hoje está de cabeça para o ar, o mundo não vai bem e é bom a gente olhar um pouco isso: guerra, mudança climática, um pós-pandemia que desorganizou muitas as ações dos serviços públicos. Eu tive a oportunidade de morar fora do país o ano passado e de visitar muitos países na América, nos continentes europeu e asiático e vi de perto as mudanças que a pandemia promoveu em cada um desses países que eu conhecia antes. E quando voltei eles estavam completamente diferentes, assim como de alguma maneira o nosso país está”, contou. “Se antes a gente viveu a puxada da economia chinesa crescendo 10% ao ano, hoje a Ásia puxa o seu freio de mão, se organiza internamente e isso afeta o mundo inteiro. Quando a gente olha a economia do mundo com graves problemas, um crescimento médio baixo, nós olhamos para o nosso Brasil, a nossa situação é mais desafiadora ainda”, completou. 

Ele continuou dizendo que se o crescimento do país continuar no mesmo ritmo dos últimos 20 anos, nós podemos pensar em ser um país mais ou menos igualitário e desenvolvido daqui a 30 anos. “Quando a gente olha a economia do mundo, olha a economia do Brasil e transfere isso para a realidade de cada cidade, de cada estado e do nosso país, a gente vê que o desafio ainda é muito maior”, contou, dizendo que somos impactados por fatores externos que muitas vezes não temos controle.

“Não há fórmula mágica para o Brasil voltar a crescer se o maior concorrente do crescimento econômico do Brasil, que é gerado pela iniciativa privada, pelos empreendedores, é o próprio governo, que toma todo o dinheiro da economia para se financiar, e quando o empresário vai aqui de São Sebastião tirar um capital de giro no banco, ele vai pagar 18%, 20% ao ano. É impossível do Brasil crescer com essa armadilha fiscal que hoje, infelizmente, o governo federal se vê no meio”, ressaltou, falando da importância de se adotar atitudes concretas e dizendo que sempre tem jeito de solucionar essas questões. Durante sua explanação ele falou ainda de como a tecnologia vai impactar os empregos e os serviços públicos. “Acho que um dos segredos de São Paulo é a gente ter gestores públicos comprometidos, a gente ter governos do Estado que de alguma maneira não mudaram a sua agenda”, completou. 

O próximo a falar foi Lucas Pocay, que contou sua trajetória na Prefeitura de Ourinhos. “Todo prefeito, quando chega no começo de sua gestão, o primeiro ponto é o planejamento, é você saber onde você quer chegar”, iniciou, comentando que dois mandatos, 8 anos, são suficientes para mudar a cultura de uma cidade, e que a cultura não se relaciona apenas às artes, mas também a uma cultura cidadã, de participação da gestão pública. 

“Nós enfrentamos desafios de décadas, resolvemos problemas antigos, como a destinação final do lixo, como a questão da água, que nós tínhamos uma única estação de tratamento de água, e depois de 60 anos, fizemos a segunda estação, como a questão da saúde como um todo, a questão da iluminação pública, segurança pública. Então, são vários fatores que precisam ter esses investimentos, só que eles feitos com planejamento. Não tem o dinheiro para tudo, só que se não fizer desta maneira, com a participação de todos, não consegue dar os próximos passos. Porque precisa do apoio dos governos, precisa do apoio da Câmara Municipal, e precisa do apoio, principalmente da confiança, da população, para colocar em prática aquilo que foi proposto durante a campanha”, comentou.

“Enquanto nós não tivermos um projeto de país para o Brasil, nós vamos ficar à mercê de ideologias de governos de esquerda e de direita sem ter um compromisso central de que, independentemente de qual governo estiver lá, vai ter um diálogo permanente e que todos os cidadãos saibam qual o caminho e onde querem chegar”, completou, finalizando com um vídeo sobre a cidade de Ourinhos.

A palavra então é passada para o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto, que seguiu contando sobre as mudanças da cidade durante seu mandato, sobre as dificuldades que enfrentou e sobre o aumento de estruturas básicas como saneamento e escolas. Depois da tragédia, com a magnitude dos acontecimentos, tudo mudou e foi necessário o apoio dos outros governos para reconstruir. “Eu percebi que o mandato tinha recomeçado, eu não podia deixar a população desamparada”, disse, sob aplausos dos presentes. A solidariedade dos brasileiros foi o combustível para reiniciar. “Eu tinha feito unidade escolar que estava destruída”, disse, elencando outras estruturas arruinadas pelas chuvas. O prefeito falou também de dificuldades financeiras nesse período, que foram vencidas com a liberação de dinheiro para os cofres de São Sebastião, o que iniciou o maior pacote de obras da história na cidade.

Após uma breve explanação de Rodrigo Garcia, a palavra foi passada a Erika Affonso. “O parlamento é de suma importância porque dá voz a quem de fato tem voz, que é o vereador”, disse. “É ele quem de fato lida com as mazelas da população”, completou falando sobre a importância do Parlamento Regional do Vale da Paraíba, que juntamente com a Secretaria de Desenvolvimento Regional tiveram um olhar diferenciado para a região de Bananal. Ela falou sobre a importância da acessibilidade, uma conquista do município. “Vocês fizeram política para os mais vulneráveis”, disse, dirigindo-se à Garcia. “Eu ajudei a construir minha cidade de mãos dadas com vocês”, finalizou.

Marcelo Otaviano foi questionado sobre quais são os desafios para os consórcios avançarem mais. “O consórcio traz a dificuldade de todos transformada em uma ação conjunta”, disse, dizendo que eficiência e inovação é um dos desafios maiores para os consórcios. Ele falou da necessidade de ter políticas públicas regionalizadas e que o consórcio do qual faz parte está com um projeto de eliminar os aterros sanitários e para isso considera importante a parceria público-privada. “O que a gente almeja mais é que a gente consiga avançar”, afirmou. “O desafio é com essa força regional levar os consórcios para mais políticas públicas”, finalizou.

Rodrigo Garcia foi questionado sobre a descarbonização no Estado de São Paulo. “É difícil materializar a questão da descarbonização se a gente não olhar a questão da mobilidade e começar por aí que é onde o poder público tem condições de influenciar”, falou. “É com tecnologia no campo que o Brasil dá um show pro mundo, mas ainda falta esse pedaço de como descarbonizar de maneira organizada, monetizar essa descarbonização e devolver esse dinheiro pra sociedade brasileira. O poder público pode ajudar obrigando, criando políticas públicas, financiando e talvez caminhando nessa estrada, que é a única que o Brasil tem pra ser um país verdadeiramente desenvolvido em relação aos demais”, completou.

Fernando Galvão foi o próximo a ser chamado e falou sobre o tema do evento. “Não existe inovação ou eficiência em governos se o líder não for eficiente e inovador? Não existe”, falou. “Nós somos seres humanos, as obras são materiais, a essência de uma gestão está na cabeça do seu líder e da sua equipe. Não existe outra forma”, completou. “Aqui tem prefeitos com 80% de aprovação. Estão deixando seus mandatos com 80% de aprovação, entre ótimo e bom. É claro que vão fazer suas sucessões, é claro, porque a essência deles é inovadora, transformadora e eficiente, porque se não fossem, nunca teria 80% de aprovação no final do seu governo”, continuou.

Dilador Borges foi o próximo a falar, e contou um pouco da sua gestão em Araçatuba. “Nós temos que trabalhar pensando em agregar. Graças a essa boa convivência você sempre se fortalece e quando você vai em busca de alguns projetos para a região, você vai muito mais encorpado”, contou. “Araçatuba hoje é uma cidade diferente”, falou. “Conseguimos alinhar o município e logo em seguida veio a pandemia, que foi um sacrifício para todos. Mas consegui alinhar o município e vou deixar a minha cidade em uma condição muito melhor do que peguei”. Borges finalizou com um vídeo sobre Araçatuba. 

Realização: Multiplicidades; Correalização: UVESP e Prefeitura de São Sebastião; Curadoria: Conexão Municipalista; Patrocínio: OM30, Senac, Chimicatti Advogados, Itaú, FDE, Sabesp e Prodesp.

Serviço

7º CONEXIDADES – Encontro Nacional de Parceiros Públicos & Privados
Data: de 4 a 8 de junho de 2024
Local: Complexo Turístico da Rua da Praia
Endereço: Avenida Doutor Altino Arantes – Centro Histórico

Confira a programação completa em https://conexidades.com.br/.

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