A corrida olímpica para Paris 2024 começou como quase todo velejador que se preze gosta: água gelada e vento frio em uma das raias mais tradicionais do Brasil, que é Ilhabela.
A nona edição da Copa Brasil de Vela teve seu primeiro tiro de largada na tarde de quarta-feira (13) na Escola de Vela Lars Grael, litoral norte de São Paulo.
A competição, que reúne quase 200 atletas, teve disputas nas classes ILCA 7 (Masc.), ILCA 6 (Fem.), ILCA 6 (Masc.), 470 (Misto), 49er, Snipe (misto), Hobie Cat 16, Star, 420 (Aberto e Fem.), 29er (Masc e Fem), ILCA 4.7, HC 16 com balão (Misto), Dingue, e Bic Techno 293+ (Masc e Fem).
A competição, organizada e chancelada pela CBVela – Confederação Brasileira de Vela, conta também com as classes Windsurf Formula Foil, Formula Kite, iQFoil, Nacra 17 (Misto) e Finn, que terão suas primeiras hoje a tarde.
O evento será classificatório para o Mundial da Juventude que ocorre em Omã, além de somar pontos para os Jogos Pan-Americanos de Santiago de 2023 e também para os Jogos Olímpicos de Paris em 2024. Por isso, grandes nomes da modalidade participam das provas.
A Copa Brasil de Vela Jovem é realizada ao mesmo tempo e conta com a participação das classes: Bic Techno 293+, Laser Radial, 420, 29er e HC 16 com Balão. O evento também tem apoio do Comitê Brasileiro de Clubes sendo um CBI – Campeonato Brasileiro Interclubes.
Vento Favorável
A organização aproveitou o vento favorável no Canal de São Sebastião para a realização do máximo de regatas possível para todas as classes. Na maioria das categorias foram realizadas três regatas com intensidade forte, de 90º de direção.
O objetivo da CBVela é que os velejadores curtam a experiência e se desenvolvam ainda mais em suas respectivas classes. ”Tenho certeza que todos saíram satisfeitos da água”, comentou Cuca Sodré, coordenador de provas.
A previsão para esta quinta-feira (14) é que o vento esteja com menor intensidade, mas ainda favorável para a realização das regatas. “Hoje a gente ainda tem um vento legal, mais fraco um pouco, depois temos um dia ou dois em dúvida, mas a previsão é que não teremos chuva, com vento mais médio, com menos correnteza, com mar com onda menos picado, mas acredito que amanhã iremos mais para o lado norte do canal”, completou Cuca Sodré.
Os primos Marco e Nick Grael do 49er ficaram em segundo no resultado parcial depois de três regatas realizadas na classe. Eles são filhos de Torben e Lars, respectivamente, e contam com histórico de sucesso assim como seus pais.
“O vento era leste e a nossa raia foi a mais perto de São Sebastião. Fizemos um quarto, segundo, primeiro nas regatas. A flotilha está muito legal, muito parecida. A disputa vai ser muito boa, o nível da galera está muito bom”, comentou Nick Grael, filho de Lars Grael.
Na corrida pela vaga no Mundial da Juventude, os três primeiros da classe ILCA 6 Radial masculino, Felipe Fraquelli, Mathias Reimer e Pedro Madureira se destacam e prometem uma disputa acirrada até domingo (17). Pedro Madureira começou melhor, com 4 pontos, seguido por Mathias Reimer (7) e Felipe (7).
O 470 conta com grandes nomes do esporte brasileiro e as regatas são realizadas nos moldes de Paris 2024, com duplas mistas. Ana Barbachan, atleta olímpica de três edições está na briga junto com a campeã mundial feminina de Snipe e medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, Juliana Duque, que começou liderando o resultado parcial da classe com seu marido, Rafael Martins.
A Copa Brasil de Vela é uma competição organizada pela CBVela e foi disputada pela primeira vez em 2013. Ela foi criada para servir de preparação aos velejadores visando o ciclo olímpico dos Jogos do Rio 2016. Com grande adesão de atletas, inclusive velejadores estrangeiros, a competição se firmou e hoje é a mais importante da vela brasileira de barcos monotipos.
As provas estão sendo transmitidas pela TVN Sports no Canal Olímpico do Brasil. Clique aqui e assista ao Canal Olímpico Brasil.
Acompanhe todos os resultados no site oficial da CBVela: https://www.cbvela.org.br/.
Evento Sustentável
A Copa Brasil de Vela vai calcular e compensar as emissões de gases do efeito estufa geradas pelo consumo de combustível fóssil das embarcações de apoio às regatas.
A Confederação Brasileira de Vela (CBVela), em parceria com a Prefeitura de Ilhabela e com patrocínio da SABESP, planeja, conseguir uma compensação ambiental que torne o evento mais sustentável.
“A World Sailing tem uma agenda de sustentabilidade orientada pela grande agenda de sustentabilidade do COI. Todas elas seguem a agenda da ONU, que ficou muito conhecida porque ela tem 17 objetivos de desenvolvimento sustentável”.
”A nossa ideia foi trazer para a Copa Brasil de Vela essa informação e também fazer algumas iniciativas muito práticas, como por exemplo a compensação da emissão de carbono que vem da queima de combustível fóssil dos barcos que vão acompanhar as regatas. Vamos ter um evento de carbono neutro pela primeira vez”, disse a Diretora de Sustentabilidade da CBVela, Sandra Di Croce Patrício.
Ao final da Copa, todas as pessoas responsáveis por embarcações a motor informarão à equipe da CBVela a quantidade de litros de combustível consumida durante o período de regatas. Com estes dados, o Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza vai calcular a quantidade de gases do efeito estufa (carbono equivalente) emitida pelos barcos.
Depois, um outro cálculo vai indicar a quantidade de mudas de árvores que deverão ser plantadas e mantidas por um período de dois anos para compensar a pegada de carbono da Copa Brasil de Vela 2021.
“Isso é muito interessante para que a vela se engaje nessa grande questão das emissões de carbono. A agenda da sustentabilidade quando ela entra em uma população ou instituição, ela entra para ficar. É um caminho sem volta”, concluiu Sandra.
A compensação será feita no município de Ilhabela, em área de reflorestamento, com mudas de palmeira juçara. No mesmo período da Copa Brasil de Vela, Ilhabela (SP) receberá o XVII Simpósio de Segurança do Navegador Amador, no Yacht Club de Ilhabela (YCI). O evento terá uma série de atividades dentro e fora do mar, incluindo palestras, treinamentos e provas.
Fotos: Caio Souza/On Board