Cerca de 60 alunos do ensino médio, fundamental II e EJA de uma escola estadual participaram, na última sexta-feira (10), de uma palestra ministrada pelos profissionais do Ambulatório de Saúde Mental Infanto-Juvenil (ASMIJ) de Caraguatatuba.
A palestra faz parte das ações da campanha ‘Setembro Amarelo’ que tem foco principal a prevenção ao suicídio. Ela foi ministrada na E.E Prof. Ângelo Barros de Araújo e transmitida ao vivo para alunos de outras escolas estaduais e municipais, além do público geral.
Para não haver aglomerações, a escola optou por instalar nove televisores em suas salas de aula. Apenas 15 alunos assistiram, com distanciamento, à palestra no local de onde estava sendo transmitida. Ela contou com a presença de professores e outros profissionais da escola.
O tema principal da palestra foi como identificar os sinais das ideações suicidas e o que fazer para se ajudar ou oferecer ajuda a um amigo, além de onde buscar ajuda.
Para Sandra Bueno, coordenadora da escola, o momento é a oportunidade para aumentar a confiança entre alunos e professores, caso eles precisem de ajuda. “Isso é muito importante porque eles passam a maior parte do seu tempo conversando e interagindo com esses alunos”, disse.
A estudante do 9º ano, Lavínia Firmino, 14 anos, contou que o momento foi bem interessante e irá ajudar os alunos que pensam no suicídio como uma saída. “O que gente aprendeu na palestra vai ser fundamental para salvarmos uma vida”, ressaltou.
A parte da palestra que mais chamou a atenção de Lavínia foi o momento em que o médico psiquiatra Carlos Henrique abordou os sintomas das ideações suicidas e depressão. Para ela, muitos alunos devem estar passando por isso e não sabem, principalmente agora com a pandemia. “É muito importante a gente falar sobre isso, não só em setembro, porque todos nós precisamos de ajuda”.
Além do médico, participaram da palestra a enfermeira e coordenadora do ASMIJ Érica Perroni e o psicólogo Giulio Acayba. Ambos reforçaram que falar sobre o assunto é a melhor maneira de prevenir o suicídio.
Os profissionais deram diversas orientações como a autoanálise e o exercício da empatia, porque saber ouvir o outro e pensar nele é primordial. O conselho para prevenir o suicídio foi o de não tentar fugir de si mesmo.
Onde encontrar ajuda?
No Brasil, existe um canal de telefônico de ajuda que conta com profissionais capacitados para atender esses casos, o Centro de Valorização da Vida (CVV).
O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, 24 horas todos os dias.
Os adolescentes e crianças também podem encontrar ajuda nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Caraguatatuba.
Os enfermeiros do Programa de Saúde da Família (PSF) das unidades serão responsáveis por fazer a captação e o acolhimento necessário. Eles irão preencher a ficha do SINAN. Uma ficha de notificação de agravos à saúde.
Qualquer profissional poderá preencher o SINAN. O ambulatório capacitou os setores públicos como Educação, Social e Cidadania (CRAS e CREAS) e Esportes porque essa faixa etária tende a buscar ajuda naquela pessoa em que sente confiança.
Com a ficha do SINAN preenchida, a Secretaria de Saúde encaminha o adolescente ao ambulatório para o acolhimento e tratamento. O prazo para que ele seja atendido é de, no máximo, 72h.
Foto: Luís Gava/PMC