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Especialista alerta sobre como prevenir deficiências auditivas congênitas e adquiridas

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 15 milhões de brasileiros sofrem com problemas auditivos. Apenas 40% reconhecem o problema. A metade dos casos poderia ser prevenida e os efeitos minimizados se a intervenção fosse feita precocemente.

De acordo com a médica otorrinolaringologista, Andreia Alessandra Bisanha, os problemas auditivos podem acontecer em todas as fases da vida, desde o ventre materno, neonatal, infância, idade adulta e senilidade.

“Antes do bebê nascer podem ser identificadas malformações congênitas de cabeça e pescoço nos ultrassons. Infecções que a mãe adquire durante a gestação como sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose também podem acarretar problemas no aparelho auditivo do bebê. Histórico de uso de drogas e consanguinidade (casamento entre parentes) também. Temos, aí, situações que podem ser evitadas.”, explica.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, gratuitamente, o Teste da Orelhinha, que deve ser feito no bebê entre o segundo e terceiro dia de vida e é obrigatório por lei. É realizado durante o sono, não machuca e avalia a audição para detectar precocemente algum grau de surdez.

Caso o recém-nascido apresente alguma alteração nesse teste, é feito o exame BERA, também conhecido como PEATE ou Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico, que avalia todo o sistema auditivo, verificando a presença de perda auditiva, que pode acontecer devido à lesão na cóclea, no nervo auditivo ou no tronco encefálico.

Nesse caso, pode ser recomendado o uso do aparelho auditivo ou o implante coclear (dispositivo implantável de alta complexidade tecnológica, que é utilizado para restaurar a função da audição) e acompanhamento de fonoaudióloga para que o desenvolvimento da criança não tenha prejuízo cognitivo e no desenvolvimento da fala.

“As mães devem ficar atentas se o bebê não sorri, não se assusta quando bate na porta, não interage, pois esses comportamentos têm que ser investigados. Com um ano de idade a criança já tem que falar alguma coisa e com dois anos, pequenas frases. Se a criança fala alto, vê televisão com som alto, tem dificuldade de concentração, pode ser sinal de dificuldade na audição”, explica a médica.

Outro fator comum que pode acarretar sequelas na audição são as otites frequentes. A mãe deve levar a criança para fazer uma avaliação com um especialista.

Uma dica importante da médica é quanto à cera nos ouvidos. “O cerume é proteção do canal auditivo. Ele é expelido naturalmente, não devemos colocar cotonete porque empurra o resíduo para dentro do canal auditivo. Isso dá a sensação de estarmos ouvindo mal. O uso de cotonete pode, inclusive, perfurar o tímpano”, alerta.

Já o uso constante de fones de ouvido, segundo a OMS, pode causar perdas auditivas a 43 milhões de pessoas no mundo entre crianças, adolescentes e adultos.

“A perda ocorre de forma progressiva. Não devemos escutar sons acima de 85 decibéis, pois são muito prejudiciais. Nem dormir com fones de ouvido. Quando você estiver usando fones e não conseguir escutar sons e conversas ao redor, isso quer dizer que o som está além do recomendável”, afirma a otorrino.

Algumas profissões sofrem mais com barulho e ruídos altos como trabalhadores das linhas de produção, mecânica de manutenção de máquinas, soldador, pedreiro, carpinteiro, pedreiro, marceneiro e serralheiro, e, consequentemente, com a perda auditiva.

“Esses profissionais devem usar protetor auricular e fazer testes de audiometria, regularmente”, aponta.

Outra causa importante de perda auditiva é a presbiacusia (diminuição auditiva relacionada ao envelhecimento, por alterações degenerativas), geralmente, a partir dos 65 anos. Pode ser agravada pelo tabagismo, diabetes, hipertensão, entre outros motivos.

“Fique atento se o idoso está escutando a televisão muito alta ou rádio, se não entende o que os familiares estão conversando, se não consegue mais falar ao telefone. Com isso, a pessoa idosa vai ficando mais isolada, mal humorada e até depressiva. Já foi comprovado, cientificamente, que a perda auditiva agrava doenças degenerativas como demências e mal de Alzheimer. É fundamental levá-la ao médico e passar por uma fonoaudióloga. Há um preconceito muito grande no uso do aparelho auditivo por falta de informação. Seu uso deveria ser tão normal quanto usar óculos. O uso da prótese auditiva contribui para tirar o idoso do isolamento e proporciona-lhe maior qualidade de vida”, afirma.

Foto: Cláudio Gomes/PMC

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