Em reunião realizada na tarde de terça-feira, 23, o Comitê de Gerenciamento de Crise frente à Covid-19 da Prefeitura de Ubatuba analisou os dados de internações e mortes pela doença na região.
O município chegou nesse dia a 80 óbitos confirmados, dos quais 32 mortes ocorreram somente em 2021, uma média de uma morte a cada dois dias e meio. O município ainda tem outros 9 óbitos em investigação, aguardando chegada de laudo e exame.
A cada dia, o número de casos confirmados se acelera. Os internados sobem, a doença afeta cada vez mais crianças e jovens e o tempo de internação se prolonga, chegando às vezes a mais de dois meses. “Chegamos nesta semana a um pico de oito crianças internadas, desde recém-nascidos até 9 anos de idade. O movimento no Centro de Atendimento para Enfrentamento à Covid-19 Cícero Gomes (CAE) e na Santa Casa aumentou”, destacou a secretária de Saúde, Sheila Barbosa. “Hoje, em nossa região de Saúde (DRS XVII), o consolidado é de 92,2% de ocupação em enfermarias e 103% em UTI. Ou seja, leitos para outros tipos de atendimentos estão sendo utilizados por pacientes com Covid-19”, explicou.
A Santa Casa alertou também que os riscos de agravamento da doença podem levar a um colapso devido à falta de recursos humanos e de medicações e insumos para intubação no mercado já que os mesmos estão sendo demandados em todas as cidades do país. A direção do hospital informou que a ala Covid-19 é reorganizada constantemente em função do número de internados. Acompanhantes a pacientes para atendimentos gerais são permitidos somente nos casos de idosos e menores de 18 anos, mas recomenda-se evitar ao máximo a ida ao hospital.
A secretaria de Educação reportou que as aulas presenciais foram suspensas conforme recomendação do Estado e que as aulas remotas acontecem desde a creche até o ensino médio. O atendimento presencial às famílias que mais precisam, sobretudo com a merenda, continua.
A vacinação contra a Covid-19 segue em andamento, porém não há doses suficientes para atendimento de todas as pessoas dos grupos prioritários. As iniciativas de compra em consórcio ou diretamente pela Prefeitura também não avançaram porque não há vacinas disponíveis para compra.
Medidas de contenção
Frente a esse cenário, o comitê recomendou a suspensão de aulas presenciais também em escolas particulares, acompanhando as decisões já tomadas em âmbito da rede pública municipal e estadual, adotando um tratamento igualitário para todo o município.
As atividades da secretaria de Esportes e Lazer também seguirão suspensas já que não há como garantir segurança sanitária para os participantes.
A implementação de barreiras sanitárias pela Prefeitura de Ubatuba, com apoio da Comtur e órgãos da segurança, é outra recomendação, bem como o fechamento de praias inclusive para as práticas individuais durante o período de megaferiados decretado pela cidade de São Paulo e outras do Vale do Paraíba. O comitê também apoiou a proposta de rodízio de veículos encaminhada pela Prefeitura de Ubatuba à Câmara Municipal.
Outra recomendação foi a proibição de estacionamento na orla das praias e o ajuizamento de ação para suspender reservas em plataformas como Airbnb e Booking.
Como um dos encaminhamentos, o gabinete irá convocar reunião com forças de segurança (PM, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Federal, Guarda Civil Municipal, Defesa Civil entre outros) para discutir o apoio às barreiras sanitárias a serem feitas pela Prefeitura e Comtur. Um novo decreto também será editado para atualizar o regramento nessa fase.
Combate à fome
A secretaria de Assistência Social também solicitou que o comitê se debruce sobre alternativas para lidar com os efeitos da pandemia, como a implementação de cartão social para possibilitar a compra de cestas básicas do comércio local, movimentando recursos no município, bem como esforços para arrecadar recursos para suprir a demanda por alimentos das famílias mais carentes. Outra reivindicação apresentada foi a de que trabalhadores da linha direta da Assistência Social também possam ser incluídos na vacinação contra a Covid-19. Porém a Vigilância informou que a determinação de grupos prioritários cabe ao governo federal, via Ministério da Saúde e não ao estado ou ao município.